A pandemia desencadeou uma mudança significativa no comportamento dos clientes. Esse cenário fez com que as empresas aprimorassem suas maneiras de fidelizar pessoas, já que o novo consumidor está mais propenso a experimentar novas marcas.
Embora isso seja um incentivo para atrair novos clientes, significa que será preciso trabalhar mais para incentivar uma segunda ou terceira compra. Isso também quer dizer que as marcas não podem mais confiar apenas em suas estratégias de fidelidade à marca para fazer com que seus clientes voltem sempre.
Segundo pesquisa da IMGR, 38% dos consumidores gostariam de ver uma melhoria nas ofertas de loyalty das marcas. Se um programa de fidelidade efetivo exige engajamento emocional, e os consumidores, imersos no mundo digital, estão cada vez mais atentos ao que as marcas representam, como potencializar ações de loyalty que tragam fãs para sua empresa?
Talvez as parcerias entre marcas sejam uma resposta. Descubra o porquê.
Parcerias entre marcas oferecem oportunidades de colaboração para aumentar a fidelidade do cliente. E tais marcas não precisam ser exclusivamente do mesmo ramo de atuação, mas devem ter alguma ligação direta ou indireta no que diz respeito aos seus públicos-alvo.
O co-branding pode ser uma maneira muito poderosa para as empresas estimularem seu crescimento e se tornarem mais conhecidas, ao mesmo tempo em que se colocam estrategicamente ao lado de outras marcas que consideram relevantes.
Ao formar parcerias estratégicas, as marcas podem capitalizar a lealdade de ambos os públicos para nos convencer a experimentar, comprar e formar novas opiniões sobre marcas que, de outra forma, talvez não consideraríamos.
Essas parcerias podem envolver vários tipos diferentes de colaborações estratégicas, em que cada marca contribui com sua própria identidade. O objetivo é combinar e alavancar reputação, reconhecimento e associações positivas entre as partes envolvidas.
Colaborações entre marcas envolvem desde a criação de um produto até mesmo à parceria para um evento ou campanha. Nesse processo, pode ocorrer também o compartilhamento de recursos de manufatura, tecnologias e experiência.
Uma iniciativa de co-branding bem definida e estruturada pode ter uma série de benefícios para cada uma das marcas. Ao se unirem, elas podem alavancar os pontos fortes uma da outra e expandir seus negócios ao acessarem mercados e públicos de cada uma, além de usufruírem do compartilhamento de dados e informações que potencializam a parceria.
Alcançando novos mercados
Um produto ou campanha co-branding aumenta a exposição de sua marca para o público-alvo de seu parceiro devido à sobreposição de públicos. Os consumidores fiéis de uma marca experimentarão o novo produto ou serviço, mesmo que nunca tenham considerado a segunda marca por conta própria.
O co-branding também tem o potencial de causar impacto que vai além dos públicos existentes, gerando publicidade e permitindo que as marcas cheguem a públicos que são novos para todas as marcas envolvidas.
Pontos fortes que minimizam pontos fracos
Quando bem planejado e executado, o co-branding pode elevar o potencial de cada marca para superar uma fraqueza, aproveitando os pontos fortes uma da outra.
Por exemplo, se uma marca é conhecida pelo know-how técnico, mas não tem senso de diversão ou criatividade, e outra marca tem muita criatividade, porém com limitações tecnológicas, uma colaboração pode funcionar para superar os aspectos negativos de cada uma delas, e ambas podem crescer mutuamente.
Isso pode ser particularmente útil para marcas que passaram por rebranding, por exemplo. Uma marca que tenta abandonar uma identidade mais tradicional pode querer fazer uma parceria com uma marca mais jovem e ousada, para ajudar a reforçar a mensagem de mudança.
Redução de riscos e custos
Lançar um novo produto, entrar em um novo mercado ou assumir uma nova categoria pode ser um grande risco para uma marca. Ao fazer parceria com uma marca que já está estabelecida em seu novo mercado ou categoria desejada, sua empresa pode minimizar riscos e testar novas estratégias sem arriscar tanto.
Associar-se a valores e ideais já existentes e estabelecidos de outra marca também pode ser uma maneira econômica e convincente de comunicar uma mudança em sua própria marca.
Existem muitos exemplos de grandes parcerias de co-branding que ilustram como essa estratégia pode ser bem-sucedida. Vamos falar um pouco mais sobre alguns cases de sucesso:
Nike & Apple
A gigante da tecnologia Apple e a marca esportiva Nike têm uma parceria de co-branding de longa data, tendo trabalhado juntas pela primeira vez no início dos anos 2000 com o lançamento do iPod da Apple e da marca conjunta Nike + iPod. Agora, evoluíram para o Nike +, a parceria que inicialmente era centrada em ajudar as pessoas a ouvir música enquanto se exercitavam.
Hoje, a campanha se concentra no uso da tecnologia mais recente para monitorar atividades, por meio de wearable - roupas e equipamentos de exercícios modernos e funcionais. Os produtos Nike + apresentam transmissores de rastreamento embutidos, permitindo que eles se sincronizem automaticamente com os produtos da Apple, dando aos consumidores a capacidade de verificar instantaneamente métricas como frequência cardíaca, passos dados, distância percorrida e calorias queimadas.
GoPro & Red Bull
Uma das parcerias de co-branding mais renomadas, GoPro e Red Bull se alinharam de várias maneiras. Depois de ter trabalhado com a Red Bull em eventos e promoções de marca compartilhada, a GoPro anunciou em 2016 que as duas marcas formariam uma parceria global estratégica que inclui produção de conteúdo, distribuição, promoção cruzada e inovação de produtos.
Embora câmeras portáteis e bebidas energéticas não possuam relação direta, as duas marcas envolvem ação e aventura, diversão e ousadia de correr riscos. Portanto, quando se trata de parcerias de marcas e co-branding, não é necessário muito esforço para entender como tais marcas se relacionam.
Olhando para o mercado brasileiro, são diversos os exemplos de co-branding que fazem sucesso e alavancam programas de fidelidade. A rede varejista Americanas e o banco Santander, por exemplo, firmaram parceria na primeira semana de agosto de 2021 para oferecer diferentes benefícios a mais de 10 milhões de clientes elegíveis no programa.
Os cadastrados poderiam trocar pontos acumulados no cartão de crédito do Santander ou em empresas parceiras da Esfera (clube de vantagens da Americanas) por produtos disponíveis na loja. Além disso, os usuários ganharam taxa zero em alguns serviços e descontos em viagens pelo Clube Esfera.
Um pouco mais antiga, a parceria entre a UberEats e a Brahma se tornou referência na inauguração do serviço de delivery no Rio de Janeiro. Os usuários poderiam solicitar um pack de Brahma Extra ao se cadastrarem na plataforma, sem nenhum custo pelas cervejas.
Em São Paulo, a Uber realizou ação parecida em parceria com a empresa de sorvetes Diletto, que distribuiu sorvetes gratuitamente aos usuários que aderissem à campanha UberIceCream.
Os exemplos não param por aí. O co-branding está mais presente no nosso cotidiano do que nós imaginamos, basta olhar atentamente às estratégias que as marcas estão adotando para realizar parcerias de sucesso.
O co-branding é uma estratégia útil para empresas que buscam:
E não é preciso ser a Nike ou a RedBull para ter sucesso no co-branding. Uma parceria entre marcas deve ser estratégica e lógica. Ambas as empresas precisam ter valores compartilhados ou alguma semelhança em suas imagens e identidades de marca.
Se você está considerando uma oportunidade de co-branding para sua própria marca, certifique-se de que você conhece profundamente os valores e a imagem da outra marca. Identifique o que torna as duas empresas compatíveis e avalie quaisquer riscos potenciais.
Entenda quais benefícios a parceria traz para você e para a outra marca e certifique-se de que a campanha esteja alinhada com seus próprios objetivos estratégicos.
Com a combinação certa, parcerias estratégicas podem transformar sua marca.
Christiano Ranoya
CEO - Indico